ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175

Previous Article Next Article

Extremities - Year2010 - Volume25 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

A indicação de vulvectomia pode ser decorrente de diversas doenças. Dentre elas, o câncer de vulva é responsável por 5% dos cânceres genitais femininos e por 1% de todas as doenças malignas femininas. É observado com maior frequência nas quinta e sexta décadas de vida. No início do século 20, mulheres com câncer de vulva eram submetidas a ressecções perineais e optava-se por fechamento por segunda intenção. O fechamento primário era às vezes tentado, mas a tensão e os índices de contaminação local dificultavam esta tentativa. Nos anos 30 e 40, ressecções mais radicais eram realizadas, incluindo esvaziamentos inguinais. As primeiras tentativas de reconstrução da região foram feitas com enxertia de pele parcial e total nos anos 50 e 60. Retalhos romboides também começavam a ser utilizados para esta finalidade. Maiores progressos na reconstrução de vulva e vagina foram observados no final dos anos 70, com retalhos baseados em territórios vasculares, principalmente miocutâneos. Nos anos 80, foi evidenciada a vantagem de se optar por retalhos fasciocutâneos, principalmente baseados nos vasos pudendo internos, por serem mais finos e causarem menos danos na área doadora.


OBJETIVO

Demonstrar a aplicabilidade de técnicas cirúrgicas de reconstrução imediata de vulva pós-ressecção oncológica com retalhos fasciocutâneos de coxa e da região glútea realizadas pelo Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HU-UFRJ), bem como analisar os resultados obtidos decorrentes do seu emprego.


MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado pelo Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HU-UFRJ) em conjunto com o setor de Patologia Vulvar do Instituto de Ginecologia Moncorvo Filho (IG-UFRJ), ambas instituições pertencentes à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No período de maio de 2009 a julho de 2010, 9 pacientes foram submetidas, pela equipe de Ginecologia, a ressecção ampla da lesão vulvar ou a vulvectomia (simples ou radical) associada a reconstrução imediata (equipe de Cirurgia Plástica), no IG-UFRJ. A idade das pacientes variou entre 52 a 84 anos, sendo a média igual a 65,4 anos. O diagnóstico predominante foi neoplasia intraepitelial vulvar (5 casos), seguida pelo carcinoma epidermoide (3) e pela doença de Paget da vulva (1).


Figura 1 - Defeito pós-ressecção ampla da lesão (visão intra-operatória).


Figura 2 - Pós-operatório (4 meses) de reconstrução de vulvectomia simples com retalho fasciocutâneo posterior de coxa unilateral.



RESULTADOS

Com relação à ressecção oncológica, a principal cirurgia realizada foi a vulvectomia radical (4 casos), seguida pela ressecção ampla da lesão (3 casos) e pela vulvectomia simples (2 casos). A reconstrução imediata da vulva teve como principal opção o retalho fasciocutâneo posterior de coxa (5 casos). Foram também utilizados: retalho fasciocutâneo em avanço tipo V-Y de região glútea (2 casos), o retalho fasciocutâneo de rotação da região glútea (1 caso) e síntese primária após descolamento subcutâneo das bordas do defeito resultante (1 caso). Em duas pacientes, houve perda de pequena porção (cerca de 5% a 10% do total do retalho) da extremidade distal do retalho posterior de coxa, obtendo cicatrização apenas com curativos locais. Houve um caso de infecção (diagnosticada clinicamente no 6º dia do pós-operatório) de retalho posterior de coxa, que foi tratada prontamente com antibioticoterapia intravenosa por 10 dias, não havendo prejuízo para o resultado final da reconstrução.


Figura 3 - Defeito pós-vulvectomia radical (visão intra-operatória).


Figura 4 - Pós-operatório (4 meses) de reconstrução de vulvectomia radical com retalho fasciocutâneo posterior de coxa unilateral.



CONCLUSÃO

O tratamento do câncer de vulva evoluiu bastante no século passado, bem como as possibilidades de reconstrução dos defeitos resultantes do seu tratamento cirúrgico. Os retalhos fasciocutâneos de coxa e da região glútea são atualmente as melhores opções para a reconstrução imediata da vulva pósressecção oncológica. O conhecimento cada vez mais apurado da vascularização destas regiões permite a confecção de retalhos com pedículos vasculares confiáveis. Aliado a isto, está o fato da preservação da sensibilidade e da disponibilidade tecidual decorrente da flacidez das áreas doadoras, característica observada na faixa etária de incidência das neoplasias malignas de vulva.

 

Previous Article Back to Top Next Article

Indexers

Licença Creative Commons All scientific articles published at www.rbcp.org.br are licensed under a Creative Commons license