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Original Article - Year2007 - Volume22 - Issue 3

ABSTRACT

Background: Transaxillary breast augmentation has the disadvantages of greater difficulties on its implantation and the possibility of displacement and malpositioning (rotation), especially if anatomic ("tear drop") implants used. The polyurethane shell also increase he friction forces to its placement trough an axillary's incision. With the intent to avoid these problems, the authors designed four small Dacron loops on the implants undersurface, so that they could have been pulled through the skin with a 2-0 nylon. Methods: This operation was performed in six patients (ages 21 to 41) and the implants were placed transaxillary in the subfascial plane (under pectoralis major fascia), with fiber optic light source. The implants with Dacron loops had a polyurethane shell, around base and natural profile. The volumes varied from 120 to 205 ml. Two 2-0 nylon stitches were passed throu gh the skin at the medial and lateral aspects of inframammary fold. After implantation, the stitches were pulled out to determinate the adjustment of the implant to its ideal position. A third stitch in the upper lateral loop was exteriorized through the incision and helped the correct placement on the implant as well. Results: No inflammatory reaction or capsular contraction has been detected to the present date. The consistence of all breasts is normal and the axillary scars are all of good quality. The implants with loops can be used also if another incision is chosen (inframammary or periareolar). Conclusions: The authors concluded that the loops allowed an easy and precise transaxillary placement of natural profile breast implants with a polyurethane shell.

Keywords: Breast, surgery. Breast implants. Silicone elastomers

RESUMO

Introdução: A via axilar tem a desvantagem de maior dificuldade na colocação dos implantes e possibilidade do implante ficar rodado, mal posicionado, especialmente se for em forma de gota. O revestimento com poliuretano aumenta o atrito, dificultando também sua colocação via axilar. Tentando evitar estes percalços, os autores decidiram colocar quatro pequenas alças de Dacron sob a base dos implantes, de forma a se poder tracioná-los com fios passados pela pele. Método: Foram operadas seis pacientes, com idades variando de 21 a 41 anos. Os implantes mamários foram colocados no plano subfascial, via axilar, com visualização por fibra óptica. Foram passados dois fios de náilon 2-0 transcutâneos, nas extremidades medial e lateral do sulco inframamário. Após a introdução do implante pela incisão axilar, os fios foram tracionados, determinando o deslocamento do implante para a posição ideal. O terceiro fio, fixado na alça súpero-lateral, saía pela incisão e também auxiliou na determinação da adequada posição do implante. Resultados: Nenhuma paciente apresentou reação inflamatória local ou formação de cápsula até a presente data. A consistência em todas as mamas era normal. As cicatrizes axilares apresentaram excelente qualidade. Os implantes com alças podem ser utilizados também por outras vias, como a infra-axilar e transareolar. Conclusão: Os autores concluíram que as alças permitiram alocar os implantes mamários de perfil natural e superfície de poliuretano via axilar com facilidade e precisão.

Palavras-chave: Mama, cirurgia. Implantes de mama. Elastômeros de silicone


INTRODUÇÃO

Desde 1964, quando Cronin & Gerow1 introduziram as próteses de silicone, o esforço de diversos autores pelo aprimoramento das técnicas cirúrgicas, materiais aloplásticos e vias de abordagem tornaram possível a grande aceitação e procura da mamoplastia de aumento2.

Em busca da minimização das cicatrizes e com o objetivo de melhorar, cada vez mais, o contexto estético da implantação de próteses mamárias, a abordagem axilar vem sendo recentemente utilizada, com resultados muito satisfatórios, tanto para as pacientes como para o cirurgião2-6. A desvantagem é a maior dificuldade na colocação dos implantes devido à maior distância e à possibilidade do implante ficar rodado, dobrado ou mal posicionado.

Quanto à forma dos implantes, também houve grande aperfeiçoamento com o formato em gota, ou seja, a extremidade inferior mais espessa que a superior. A forma mamária obtida é esteticamente superior às proporcionadas pelos implantes redondos. Entretanto, estes novos implantes não podem ser colocados de forma incorreta, ou seja, rodados, com a extremidade inferior mais espessa para cima7,8.

O revestimento dos implantes com poliuretano trouxe diminuição importante no aparecimento da contratura capsular, mas, por outro lado, determina maior dificuldade na colocação devido ao atrito do poliuretano7,8.

Todos estes avanços trouxeram benefícios, mas também dificuldades na colocação dos implantes7,8.

Tentando evitar estes percalços, os autores imaginaram colocar quatro pequenas alças sob a base dos implantes, de forma a permitir a tração com fios passados pela pele da mama, facilitando a colocação e dando maior precisão à posição final dos implantes. Estas pequenas alças foram confeccionadas de Dacron e revestidas de silicone, para oferecerem resistência adequada à tração e determinar contato dos tecidos apenas com silicone.

Este trabalho tem como objetivo testar um implante de silicone com pequenas alças.


MÉTODO

Foram operadas seis pacientes, com idades variando de 21 a 41 anos, provenientes do ambulatório de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina de Botucatu / UNESP, que passaram por avaliação clínica e laboratorial pré-operatória. A indicação cirúrgica foi hipoplasia.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP (CONEP Nº 308/2004).

As cirurgias foram realizadas no período de janeiro a maio de 2005.

Foi realizada anestesia geral com intubação endotraqueal e infiltração local com lidocaína a 0,25% e adrenalina na concentração de 1 para 200.000. Os implantes mamários foram colocados no plano subfacial por via axilar, com visualização por fibra óptica.

Foram utilizadas próteses de silicone preenchidas com gel de silicone, revestidas com espuma de poliuretano, de forma redonda, perfil natural, com alças de Dacron revestidas por silicone, produzidas e fornecidas gratuitamente pela Silimed. Os volumes dos implantes variaram de 120 a 205 ml.

A marcação da incisão foi feita em "s", na altura da prega axilar média, aproximadamente 1 cm posterior ao rebordo do músculo peitoral maior, tendo esta um comprimento de 5 cm. A marcação da área do descolamento inferior foi feita 2 cm abaixo do sulco inframamário.

Foi utilizada fibra óptica com lâmina afastadora de 11 cm no começo da abordagem e, posteriormente, lâmina de 16 cm e 23 cm.

Após a abertura da loja, foi feita hemostasia sob visualização direta com fibra óptica.

A seguir, foram passados três fios de nylon 2-0 transcutâneos com agulha de Reverdin, sendo dois, nas extremidades medial e lateral do sulco inframamário, e o último, no quadrante súpero-medial. Estes fios foram passados nas alças do implante de silicone (Figuras 1 a 3). Após a introdução do implante pela incisão axilar, os fios foram tracionados, determinando o deslocamento do implante para a posição ideal. O terceiro fio, fixado na alça súpero- lateral, saía pela incisão e também auxiliou na determinação da adequada posição do implante. Após, os fios foram removidos (Figura 4).


Figura 1 - Momento em que a agulha do fio a ser utilizado na tração transfixa a alça de Dacron revestida de silicone.


Figura 2 - Os três fios após transfixação nas alças.


Figura 3 - Detalhe mostrando a agulha de Reverdin transfixando a pele, no sulco inframamário, e saindo na incisão axilar. O implante previamente à introdução.


Figura 4 - O implante já locado, auxiliado pelos três fios utilizados para a tração.



A incisão axilar foi fechada em dois planos, com fio de nylon 5-0.

Foi colocado dreno aspirativo na face lateral das mamas e o mesmo foi retirado com 6 a 12 horas de pós-operatório.

As pacientes receberam antibiótico de amplo espectro por cinco dias após a cirurgia e analgésicos, em caso de dor.


RESULTADOS

As pacientes foram avaliadas, semanalmente, no primeiro mês de pós-operatório e, posteriormente, uma vez por mês.

Foram avaliados diversos atributos, tais como presença de reação inflamatória local, formação de cápsula cicatricial, consistência, além das cicatrizes. Nenhuma paciente apresentou reação inflamatória local ou formação de cápsula até a presente data. Após a regressão do edema, nas duas primeiras semanas de pós-operatório, a consistência em todas as mamas era normal. As cicatrizes axilares apresentaram excelente qualidade e as resultantes da passagem dos fios de náilon na região mamária tornaramse inconspícuas.

Nas Figuras 5 a 10, observam-se alguns resultados obtidos com a técnica.



Figura 5 - Pré e pós - operatórios de 6 meses.


Figura 6 - Pré e pós - operatórios de 6 meses.


Figura 7- Pré e pós - operatórios de 6 meses.


Figura 8 - Pós - operatório de 6 meses.


Figura 9 - Pré e pós - operatórios de 3 meses.


Figura 10 - Pré e pós - operatório de 3 meses.



DISCUSSÃO

O Dacron é utilizado há muito tempo em próteses vasculares e cardíacas, como telas para correção de hérnias e, em diversos locais, para a melhora do contorno corporal, sem apresentar complicações8-17.

As complicações decorrentes do uso de Dacron nos implantes mamários devem ser, na opinião dos autores, inexistentes, podendo, eventualmente, ocorrer reação tecidual com fibrose. Para evitar qualquer intercorrência como esta, ainda que improvável, as alças foram revestidas com silicone.

A via axilar é particularmente útil nos casos de sulcos inframamários pouco definidos e de aréolas pequenas, fatores pouco favoráveis às vias inframamárias e periareolar, respectivamente. Entretanto, através desta via, pode haver riscos maiores de assimetria e de posicionamento incorreto, sendo que procedimentos secundários por esta via são de difícil execução. Por vezes, em intervenções secundárias, opta-se por uma outra via. A inclusão de implantes mamários com alças tem como finalidade o posicionamento preciso dos mesmos, através de via axilar, portanto, há necessidade de procedimentos secundários. Estes implantes com alças podem ser utilizados também por outras vias, como a inframamária e transareolar, facilitando ainda mais a sua colocação.

Os autores acreditam que estas alças trarão grande contribuição nas mamoplastias de aumento.


CONCLUSÃO

As alças permitiram alocar os implantes mamários de perfil natural e superfície de poliuretano via axilar com facilidade e precisão.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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I. Professor Assistente - Doutor, Responsável pela Disciplina de Cirurgia Plástica, UNESP, Botucatu, SP.
II. Residente.


Correspondência para:
Fausto Viterbo
Rua Domingos Minicucci, 587 - Vila Sônia
Botucatu - SP - Cep: 18607-030
Tel.: 0xx14 3882-5414


Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina de Botucatu / UNESP, Botucatu, SP.

Artigo recebido: 14/04/2007
Artigo aprovado: 21/06/2007


* Trabalho vencedor do Prêmio George Airê 2005.

 

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