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Body and Chest - Year2012 - Volume27 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

Reconstruções com retalhos musculares fazem parte do dia-a-dia do cirurgião plástico, e o domínio de técnicas versáteis e com pouca morbidade atestam ao músculo tensor da fascia lata (TFL) excelente opção no arsenal terapêutico. O TFL pode ser utilizado como retalho composto e apresenta 2 arcos de rotação, servindo como cobertura de lesões em variadas regiões corporais.


OBJETIVO

Analisar as indicações e os resultados obtidos com este retalho em serviço de Cirurgia Plástica de hospital público do Rio de Janeiro.


MÉTODO

Foram revisados os prontuários e as fotos de todos os casos de pacientes submetidos a qualquer tipo de reconstrução utilizando retalho de fascia lata no serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Federal de Bonsucesso (RJ), nos últimos 5 anos.


RESULTADOS

Foram encontrados seis casos: dois pacientes do sexo masculino com extensas úlceras de pressão, três pacientes (2 do sexo masculino e 1 do feminino) com perda da capacidade de contenção de vísceras abdominais e um paciente do sexo masculino com extensa ferida glútea pós ressecção de neoplasia maligna. Os pacientes com escaras de decúbito apresentavam lesões em região trocantérica e isquiáticas combinadas. Os pacientes com lesão de abdome inferior apresentavam complicações devido a peritoneostomia prolongada após laparotomia por abdome agudo inflamatório; tumor desmoide recidivado acometendo todas as camadas da parede abdominal e outro submetido à ressecção de carcinoma peniano com linfadenectomia inguinal. O último paciente apresentou grande área cruenta em glúteo após remoção de sarcoma de partes moles.


DISCUSSÃO

O TFL pode ser utilizado como retalho muscular até osteomiocutâneo, com possibilidade de arcos de rotação anterior, cobrindo a região inguinal, perineal, pubiana, hipogástrica e região abdominal superior e outro posterior, que pode cobrir a área trocantérica, isquiática, perianal e sacral. A artéria nutridora desse retalho se origina da artéria circunflexa lateral. O pedículo vascular entra na porção profunda do músculo, cerca de 6-8 cm abaixo da espinha ilíaca ântero-superior. A pele que o cobre é suprida por numerosas perfurantes musculocutâneas. Além de pedículo vascular longo (5-6 cm), bem definido e de posição constante, o que permite dissecção habitualmente simples, ele também possui diâmetro externo apropriado (1,5-2 mm) para transferência microcirúrgica. Este retalho tem como uso principal a cobertura de úlceras de decúbito, mas, devido a suas características favoráveis, o TFL é utilizado em diversas especialidades. Nosso paciente oncológico submetido à reconstrução hipogástrica e inguinal bilateral apresentou perda de 1/3 do retalho, por avanço da doença de base e também, possivelmente, pelo fato do paciente ser tabagista. O paciente submetido à reconstrução glútea apresentou necrose de cerca de 30% do retalho, o que pode ser decorrente do grande arco de rotação utilizado e do fato do paciente não respeitar as restrições ao decúbito. Os demais pacientes apresentaram boa evolução pós-operatória. As cicatrizes em area receptora e doadora e pequenos abaulamentos não foram considerados importantes pelos mesmos. Apesar da casuística pequena, e da necrose parcial em 2 casos, acreditamos que a vantagem proporcionada pela cobertura fornecida pelo retalho foi superior a outras possíveis formas de tratamento local.


CONCLUSÃO

O retalho do tensor da fascia lata deve ser considerado como importante ferramenta nas reparações que envolvem úlceras de pressão extensas e defeitos do terço inferior do tronco; a sua pequena participação em muitos serviços se deve mais à sua pouca utilização em função, muitas vezes, da menor experiência dos cirurgiões em sua confecção. O prejuízo estético da área doadora é superado tanto pela qualidade na cobertura, como pela baixa morbidade e praticidade de execução.

 

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