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Editorial - Year2017 - Volume32 - Issue 2

http://www.dx.doi.org/10.5935/2177-1235.2017RBCP0025

Convites enviados por e-mail oferecendo oportunidades para publicação de artigos científicos em novos jornais e periódicos "online" tem aumentado significativamente. A prática corrente inclui o envio de mensagens a um grande número de indivíduos com a promessa de rápida publicação por um custo menor em comparação às revistas científicas consagradas.

Em geral se tratam de revistas de especialidades, muitas com títulos semelhantes a periódicos já existentes, porém sem reconhecimento científico. São atualmente conhecidos como pseudojornais ou jornais predadores. Recebem este nome pelo fato de, apesar do acesso aberto ao leitor, adentrarem o meio acadêmico com fins de obter lucros financeiros por meio de cobranças de processamento de artigos, sem atender aos padrões adequados de uma publicação acadêmica. Apesar de muitas vezes simularem uma estrutura científica editorial, publicam todo e qualquer artigo enviado, sem haver uma real revisão por pares e tampouco seguirem as políticas recomendadas por organizações de editores, como a World Association of Medical Editors (WAME), o Committee on Publication Ethics (COPE) ou entitdades similares1.

A visão iminentemente mercantilista destes periódicos compromete as características científicas. Ao se distanciar dos melhores conceitos de medicina baseada em evidências e da revisão de artigos por pares, prejudica o avanço da ciência em favor de interesses financeiros, sem trazer reais benefícios científicos ao autor.

A mudança das práticas de custeio de artigos científicos por parte das editoras é uma realidade frente às necessidades de implementar o acesso aberto aos artigos científicos. Desta maneira, autores custeiam suas publicações em substituição aos assinantes. Editoras são empresas que visam lucro e, à parte disto, o custeio de um periódico é real. Mesmo na era digital onde os custos de impressão são menores, há um investimento considerável e permanente em recursos humanos para avaliação, revisão, edição e avaliação de qualidade. Predadores, por não se utilizares destes parâmetros de qualidade reduzem seus custos e aparentemente se tornam atrativos aos autores menos avisados. O que não pode ocorrer é a busca por publicar em periódicos apenas por suas características de menor custo. Obviamente o ponto de maior relevância ao publicar é o impacto científico da Revista, sua qualificação por indexadores e a possibilidade de citação do artigo. Jornais predadores ou pseudojornais tentam ludibriar o autor com propostas de baixo custo e falsas expectativas de divulgação científica, que não ocorrem de fato.

De acordo com a World Association of Medical Editors, existem hoje mais de 8.000 jornais predadores em atividade e mais de 420.000 artigos publicados sendo cerca de 75% dos autores provenientes da Ásia e África2. É preciso identificar as características de um periódico com este perfil a fim de evitar o envio de uma publicação de qualidade a um periódico desclassificado, com a perda da contribuição cientifica real. Um jornal com título nunca antes conhecido, jornais não citados em indexadores, publicados em zonas longínquas, não ligados às sociedades médicas podem ser potencialmente pseudojornais predadores. Alguns destes inclusive criam métricas próprias e fatores de impacto fictícios no intuito de ludibriar não só aos autores, mas as instituições científicas a que pertencem. Criam sites na internet com visualização similar às páginas existentes de periódicos legítimos, também com o intuito de confundir o autor, "sequestrando" seu estudo científico.

Os motivos da proliferação destes pseudojornais é exatamente a oferta a jovens pesquisadores, geralmente inexperientes, da possibilidade de rápida publicação com baixo custo e falsa promessa de divulgação. Para aqueles que visam a quantidade de publicações em detrimento da qualidade, acaba por ser uma proposta aparentemente tentadora, certamente ineficaz a médio e longo prazo.


REFERÊNCIAS

1. Laine C, Winker MA; World Association of Medical Editors (WAME). Identifying Predatory or Pseudo-Journals [acesso 2017 Jul 19]. Disponível em: http://www.wame.org/identifying-predatory-or-pseudo-journals

2. Shen C, Björk BC. 'Predatory' open access: a longitudinal study of article volumes and market characteristics.BMC Med. 2015;13:230. DOI: 10.1186/s12916-015-0469-2










Editor Chefe RBCP

 

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