

Original Article - Year 2025 - Volume 40Issue 1
Epidemiologia e abordagem multidisciplinar nas fissuras orofaciais: Características clínicas e padrões de reabilitação
Epidemiology and Multidisciplinary Approach in Orofacial Clefts: Clinical Features and Rehabilitation Patterns
RESUMO
Introdução As fissuras orofaciais são malformações congênitas que afetam o desenvolvimento craniofacial e configuram um problema relevante de saúde pública. Este estudo buscou investigar a frequência, a distribuição e as características dessas fissuras em pacientes atendidos em um centro especializado, além de avaliar os padrões de reabilitação adotados.
Materiais e Métodos A pesquisa envolveu 59 pacientes diagnosticados com diferentes tipos de fissuras orofaciais, incluindo casos simples e complexos, com ou sem histórico cirúrgico. Foram analisadas variáveis como sexo, faixa etária e procedimentos realizados. A análise estatística foi realizada por métodos multivariados, incluindo análise de componentes principais (PCA, do inglês principal component analysis) e análise de agrupamento (CA, do inglês cluster analysis), com o programa SAS (SAS Institute Inc.), versão 9.2. Resultados As fissuras transforaminais direitas (CRT, do inglês cleft right transforamen) ou esquerdas (CLT, do inglês cleft left transforamen) foram as mais prevalentes, especialmente em pacientes do sexo masculino. A maior parte dos atendimentos foi feita em bebês e crianças pequenas, o que reflete a prática de intervenção precoce. Cerca de 59,3% dos pacientes já haviam passado por cirurgias, como queiloplastia e palatoplastia, muitas vezes em combinação. Fissuras mais complexas, como as transforaminais bilaterais (CBT, do inglês cleft bilateral transforaminal), demandaram múltiplas cirurgias e acompanhamento prolongado.
Conclusão Este estudo ressalta a necessidade de intervenções precoces e contínuas, bem como de levantamentos epidemiológicos regionais para orientar políticas públicas e otimizar a alocação de recursos. O manejo multidisciplinar e o planejamento personalizado são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
Palavras-chave: anormalidades craniofaciais; cirurgia plástica; epidemiologia; fenda labial; fissura palatina
ABSTRACT
Introduction Orofacial clefts are congenital malformations that affect craniofacial development and represent a significant public health concern. The present study aimed to investigate the frequency, distribution, and characteristics of these clefts in patients treated at a specialized center, also evaluating the rehabilitation patterns employed.
Materials and Methods The research involved 59 patients diagnosed with different types of orofacial clefts, including both simple and complex cases, with or without surgical history. We analyzed variables such as sex, age group, and procedures performed. The statistical analysis was conducted using multivariate methods, including principal component analysis (PCA) and cluster analysis (CA), with the SAS (SAS Institute Inc.) software, version 9.2.
Results Cleft right (CRT) or left transforamen (CLT) were the most prevalent, particularly among male patients. Most cases involved infants and young children, reflecting the practice of early intervention. Approximately 59.3% of the patients had already undergone surgeries such as cheiloplasty and palatoplasty, often in combination. More complex cases, such as those of cleft bilateral transforaminal (CBT), required multiple surgeries and extended follow-up.
Conclusion The current study highlights the need for early and continuous interventions, as well as regional epidemiological surveys to guide public policies and optimize resource allocation. Multidisciplinary care and personalized treatment planning are essential to improving the quality of life of the patients and their families.
Keywords: cleft lip; cleft palate; craniofacial abnormalities; epidemiology; surgery, plastic
Introdução
As fissuras orofaciais são malformações congênitas que comprometem o desenvolvimento craniofacial e representam um problema significativo de saúde pública em diversas regiões do mundo. A prevalência dessas doenças é estimada em aproximadamente 1 em cada 700 nascidos vivos, o que reforça sua importância clínica e epidemiológica.1Entre 1990 e 2019, a incidência global dessas fissuras diminuiu, particularmente em regiões com altos índices sociodemográficos (ISD). No entanto, alguns países de baixa renda relataram aumentos significativos nas taxas de ocorrência.2
As fissuras orofaciais são decorrentes de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Entre os fatores genéticos, destacam-se mutações em genes que regulam o desenvolvimento facial e do palato. Além disso, a exposição a certos medicamentos e produtos químicos durante a gravidez pode interferir no desenvolvimento fetal, o que aumenta o risco dessas malformações.3Há também evidências de quea nutrição materna é crucial na etiologia da fissura labiopalatina, juntamente com modificações epigenéticas que contribuem para a sua patogênese.4,5
Essas fissuras variam de fissuras labiais isoladas ao comprometimento total do palato, e afetam tanto a estética facial quanto as funções essenciais, como alimentação, fala e respiração.Essasdeficiênciasinfluenciam significativamente a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.6,7
Devido à sua complexidade, o tratamento das fissuras orofaciais requer uma abordagem multidisciplinar que envolve cirurgiões, fonoaudiólogos, ortodontistas, psicólogos e outros profissionais de saúde.8 A intervenção precoce é crucial para otimizar os desfechos no longo prazo. A realização de procedimentos como a queiloplastia e a palatoplastia na primeira infância minimiza as dificuldades funcionais e facilita o desenvolvimento psicossocial.9 No entanto, há necessidade de múltiplas cirurgias ao longo do tempo, o que torna o acompanhamento contínuo essencial para assegurar a eficácia da reabilitação.10
A epidemiologia das fissuras orofaciais depende de fatores genéticos, ambientais e regionais, de modo que é preciso mapear essas variáveis para orientar intervenções mais eficazes.11 Embora o diagnóstico e o tratamento tenham avançado de forma significativa, ainda existem lacunas na literatura, particularmente no que diz respeito à distribuição dos tipos de fissura e ao impacto do histórico cirúrgico nos desfechos em diferentes populações.12 Essas informações são cruciais para otimizar a alocação de recursos e melhorar a qualidade do atendimento prestado por centros especializados.
Objetivo
Este estudo tem como objetivo investigar a frequência, a distribuição e as características das fissuras orofaciais em pacientes atendidos no Centro Pró-Sorriso de Tratamento de Fissuras Labiopalatinas, em Alfenas, Minas Gerais. Além disso, busca avaliar os padrões de reabilitação empregados, considerando variáveis como sexo, idade e histórico cirúrgico, para contribuir para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas e políticas públicas mais eficazes voltadas à reabilitação dos pacientes.
Materiais e Métodos
Este estudo incluiu 59 pacientes com fissuras orofaciais, com ou sem histórico clínico de cirurgia orofacial, tratados entre fevereiro de 2019 e fevereiro de 2020. Os pacientes tinham idades entre 3 meses e 58 anos (média: 10,1 ± 14,6 anos) e eram de ambos os sexos (17 mulheres, com média de idade de 16,3 ± 19,3 anos, e 42 homens, com média de idade de 7,6 ± 11,6 anos). Todos os pacientes tinham indicação clínica para reabilitação cirúrgica, e foram diagnosticados de acordo com a classificação clínica das fissuras orofaciais.13,14 Os pacientes receberam atendimento médico e odontológico contínuo no Centro Pró-Sorriso.
A população de pacientes foi estratificada por faixa etária, sexo, tipo de fissura orofacial, histórico cirúrgico e tipo de reabilitação cirúrgica prévia. Essas variáveis foram submetidas à análise estatística para a avalição de tendências e associações. Esta pesquisa respeitou os princípios éticos descritos na Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP/UNICAMP), sob protocolo n° 093/2014, CAAE 34875614.0.0000.5418.
Os dados foram submetidos à análise estatística multivariada utilizando o programa SAS (SAS Institute Inc.), versão 9.2. Os métodos analíticos incluíram análise de componentes principais (PCA, do inglês principal component analysis) e construção interativa de biplot, juntamente com análise de grupamento (CA, do inglês cluster analysis) e interpretação de dendrograma (limiar ≤0,5)paraaidentificação de padrões e relações entre os dados.15
Resultados
Este estudo analisou 59 pacientes diagnosticados com diversos tipos de fissuras orofaciais, que abrangiam variações anatômicas e doenças sindrômicas associadas (►Tabela 1e ►Fig. 1). Observou-se uma clara predominância de fissuras transforaminais direitas (CRT, do inglês cleft right transforamen) e esquerdas (CLT, do inglês cleft left transforamen), com maior incidência em pacientes do sexo masculino, o que reflete o perfil epidemiológico característico dessas malformações.
Tipos de fissuras orofaciais | Sexo feminino | Sexo masculino | Σ | |||
---|---|---|---|---|---|---|
n | % | n | % | n | % | |
CBT | 2 | 3,4 | 7 | 11,9 | 9 | 15,3 |
CRT ou CLT | 4 | 6,8 | 18 | 30,5 | 22 | 37,3 |
CPo-FC | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 |
CPo-FI | 2 | 3,4 | 2 | 3,4 | 4 | 6,8 |
CP-FRC ou CP-FLC | 4 | 6,8 | 1 | 1,7 | 5 | 8,5 |
CP-FRI ou CP-FLI | 1 | 1,7 | 6 | 10,2 | 7 | 11,9 |
CSPo-FI | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 |
DG-G | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 |
CP-FRI ou CP-FLI þ CPo-FI | 1 | 1,7 | 4 | 6,8 | 5 | 8,5 |
CRT ou CLT þ CP-FRI ou CP-FLI | 0 | 0,0 | 3 | 5,1 | 3 | 5,1 |
Σ | 17 | 28,8 | 42 | 71,2 | 59 | 100,0 |
Abreviaturas: CBT, cleft bilateral transforaminal (fissura bilateral transforaminal); CLT, cleft left transforamen (fissura transforaminal esquerda); CP- FLC, cleft preforamen left complete (fissura pré-foraminal esquerda completa); CP-FLI, cleft preforamen left incomplete (fissura pré-foraminal esquerda incompleta); CP-FRC, cleft preforamen right complete (fissura pré-foraminal direita completa); CP-FRI, cleft preforamen right incomplete (fissura préforaminal direita incompleta); CPo-FC, cleft postforamen complete (fissura pós-foraminal completa); CPo-FI, cleft postforamen incomplete (fissura pósforaminal incompleta); CRT, cleft right transforamen (fissura transforaminal direita); CSPo-FI, cleft submucosa postforamen incomplete (fissura submucosa pós-foraminal incompleta); DG-G, deformity groove-gingival (deformidade sulco-gengiva).
Os resultados revelaram que o sexo masculino apresentou CRT e CLT com maior frequência. Por outro lado, fissuras mais complexas, como as pré-foraminais completas (CP-FC, do inglês cleft preforamen complete) ou incompletas (CP-FI, do inglês cleft preforamen incomplete), apresentaram distribuição mais equilibrada entre os sexos. Isso sugere possíveis variações nos fatores etiológicos ou ambientais que influenciam os diferentes tipos de fissura. A estratificação por sexo e tipo de fissura traz informações que podem auxiliar na adaptação de intervenções clínicas de acordo com os padrões demográficos.
Além disso, pacientes com fissuras associadas a outras malformações (como uma combinação de fissuras trans e pré-foraminais) apresentaram uma distribuição notável entre as faixas etárias, como mostram a ►Tabela 2 ea ►Fig. 2. A análise das faixas etárias revelou que bebês (até 1 ano de idade) e crianças pequenas (1-3 anos) foram os pacientes mais frequentemente hospitalizados para as primeiras intervenções cirúrgicas, o que indica uma prática consolidada de intervenção precoce. Essas intervenções visam minimizar comprometimentos funcionais e estéticos, e promovem o desenvolvimento social e psicossocial.
Tipos de fissuras orofaciais | Bebê | Criança pequena | Pré-escolar | Infância | Adolescente | Adulto | Σ | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | |
CBT | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 | 2 | 3,4 | 2 | 3,4 | 9 | 15,3 |
CRT ou CLT | 10 | 16,9 | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 | 4 | 6,8 | 1 | 1,7 | 4 | 6,8 | 22 | 37,3 |
CPo-FC | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 |
CPo-FI | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 4 | 6,8 |
CP-FRC ou CP-FLC | 0 | 0,0 | 2 | 3,4 | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 5 | 8,5 |
CP-FRI ou CP-FLI | 5 | 8,5 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 7 | 11,9 |
CSPo-FI | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 |
DG-G | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 |
CP-FRI ou CP-FLI þ CPo-FI | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 5 | 8,5 |
CRT ou CLT þ CP-FRI ou CP-FLI | 2 | 3,4 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 3 | 5,1 |
Σ | 22 | 37,3 | 6 | 10,2 | 6 | 10,2 | 12 | 20,3 | 3 | 5,1 | 10 | 16,9 | 59 | 100,0 |
Abreviaturas: CBT, cleft bilateral transforaminal (fissura bilateral transforaminal); CLT, cleft left transforamen (fissura transforaminal esquerda); CP- FLC, cleft preforamen left complete (fissura pré-foraminal esquerda completa); CP-FLI, cleft preforamen left incomplete (fissura pré-foraminal esquerda incompleta); CP-FRC, cleft preforamen right complete (fissura pré-foraminal direita completa); CP-FRI, cleft preforamen right incomplete (fissura préforaminal direita incompleta); CPo-FC, cleft postforamen complete (fissura pós-foraminal completa); CPo-FI, cleft postforamen incomplete (fissura pósforaminal incompleta); CRT, cleft right transforamen (fissura transforaminal direita); CSPo-FI, cleft submucosa postforamen incomplete (fissura submucosa pós-foraminal incompleta); DG-G, deformity groove-gingival (deformidade sulco-gengiva).
Notas: Bebê (do nascimento até 1 ano de idade); criança pequena (1-3 anos); pré-escolar (3-5 anos); infância (6-11 anos); adolescente (12-17 anos); e adulto (acima de 18 anos).
Cerca de 59,3%dospacientes,conformemostram a ►Tabela 3 e a ►Fig. 3, haviam sido submetidos a pelo menos 1 intervenção cirúrgica. Os procedimentos mais comuns incluíram queiloplastia, palatoplastia e cirurgias combinadas, como queiloplastia com palatoplastia. Casos mais complexos, como fissuras transforaminais bilaterais (CBT, do inglês cleft bilateral transforaminal), exigiram múltiplas cirurgias ao longo do tempo, o que ressalta a importância do planejamento em longo prazo e do acompanhamento contínuo para assegurar a eficácia da reabilitação.
Tipos de fissuras orofaciais | Reabilitação cirúrgica | Sem reabilitação cirúrgica | Σ | |||
---|---|---|---|---|---|---|
n | % | n | % | n | % | |
CBT | 7 | 11,9 | 2 | 3,4 | 9 | 15,3 |
CRT ou CLT | 15 | 25,4 | 7 | 11,9 | 22 | 37,3 |
CPo-FC | 0 | 0,0 | 2 | 3,4 | 2 | 3,4 |
CPo-FI | 2 | 3,4 | 2 | 3,4 | 4 | 6,8 |
CP-FRC ou CP-FLC | 4 | 6,8 | 1 | 1,7 | 5 | 8,5 |
CP-FRI ou CP-FLI | 3 | 5,1 | 4 | 6,8 | 7 | 11,9 |
CSPo-FI | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 |
DG-G | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 |
CP-FRI ou CP-FLI þ CPo-FI | 3 | 5,1 | 2 | 3,4 | 5 | 8,5 |
CRT ou CLT þ CP-FRI ou CP-FLI | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 | 3 | 5,1 |
Σ | 35 | 59,3 | 24 | 40,7 | 59 | 100,0 |
Abreviaturas: CBT, cleft bilateral transforaminal (fissura bilateral transforaminal); CLT, cleft left transforamen (fissura transforaminal esquerda); CP- FLC, cleft preforamen left complete (fissura pré-foraminal esquerda completa); CP-FLI, cleft preforamen left incomplete (fissura pré-foraminal esquerda incompleta); CP-FRC, cleft preforamen right complete (fissura pré-foraminal direita completa); CP-FRI, cleft preforamen right incomplete (fissura préforaminal direita incompleta); CPo-FC, cleft postforamen complete (fissura pós-foraminal completa); CPo-FI, cleft postforamen incomplete (fissura pósforaminal incompleta); CRT, cleft right transforamen (fissura transforaminal direita); CSPo-FI, cleft submucosa postforamen incomplete (fissura submucosa pós-foraminal incompleta); DG-G, deformity groove-gingival (deformidade sulco-gengiva).
A análise multivariada, realizada com o programa SAS, versão 9.2, permitiu a construção de biplots e dendrogramas para interpretar padrões de agrupamento e similaridades entre os tipos de fissura e suas características epidemiológicas. A ►Tabela 4 e a ►Fig. 4 destacam a relação entre os tipos de fissura e as intervenções cirúrgicas realizadas. Observou-se que pacientes com fissuras mais simples, como CRT ou CLT, foram frequentemente submetidos à queiloplastia isolada ou à combinação de queiloplastia e palatoplastia. Por outro lado, casos mais complexos, como os de fissuras associadas a outras malformações, necessitaram de outros procedimentos, incluindo rinosseptoplastia.
Tipos de fissuras orofaciais | Reabilitação cirúrgica | Sem reabilitação cirúrgica | Σ | |||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Que | Pal | Rin | Que þ Pal | Que þ Rin |
Pal þ Rin |
Que þ Pal þ Rin | Σ | |||||||||||||
n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % | |
CBT | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 4 | 6,8 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 3,4 | 7 | 11,9 | 2 | 3,4 | 9 | 15,3 |
CRT ou CLT | 7 | 11,9 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 5 | 8,5 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 | 15 | 25,4 | 7 | 11,9 | 22 | 37,3 |
CPo-FC | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 3,4 | 2 | 3,4 |
CPo-FI | 0 | 0,0 | 2 | 3,4 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 3,4 | 2 | 3,4 | 4 | 6,8 |
CP-FRC ou CP-FLC | 3 | 5,1 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 4 | 6,8 | 1 | 1,7 | 5 | 8,5 |
CP-FRI ou CP-FLI | 2 | 3,4 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 3 | 5,1 | 4 | 6,8 | 7 | 11,9 |
CSPo-FI | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 |
DG-G | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 1 | 1,7 |
CP-FRI ou CP-FLI þ CPo-FI |
1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 3,4 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 3 | 5,1 | 2 | 3,4 | 5 | 8,5 |
CRT ou CLT þ CP-FRI ou CP-FLI |
0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 1,7 | 2 | 3,4 | 3 | 5,1 |
Σ | 14 | 23,7 | 3 | 5,1 | 0 | 0,0 | 12 | 20,3 | 2 | 3,4 | 1 | 1,7 | 3 | 5,1 | 35 | 59,3 | 24 | 40,7 | 59 | 100,0 |
Abreviaturas: CBT, cleft bilateral transforaminal (fissura bilateral transforaminal); CLT, cleft left transforamen (fissura transforaminal esquerda); CP-FLC, cleft preforamen left complete (fissura pré-foraminal esquerda completa); CP-FLI, cleft preforamen left incomplete (fissura pré-foraminal esquerda incompleta); CP-FRC, cleft preforamen right complete (fissura pré-foraminal direita completa); CP-FRI, cleft preforamen right incomplete (fissura pré-foraminal direita incompleta); CPo-FC, cleft postforamen complete (fissura pós-foraminal completa); CPo-FI, cleft postforamen incomplete (fissura pós-foraminal incompleta); CRT, cleft right transforamen (fissura transforaminal direita); CSPo-FI, cleft submucosa postforamen incomplete (fissura submucosa pós-foraminal incompleta); DG-G, deformity groove-gingival (deformidade sulco-gengiva); Que, queiloplastia; Pal, palatoplastia; Rin, rinosseptoplastia.
Discussão
A predominância de CLTsobre CRT é uma tendência marcante na epidemiologia das fissuras labiopalatinas, particularmente entre pacientes do sexo masculino. Estudos16 indicam que o sexo masculino é significativamente mais afetado por essas fissuras, com uma proporção entre homens e mulheres de 1,34:1. Em uma coorte de Bengala Ocidental,16 69,59% dos pacientes eram do sexo masculino, o que reforça essa disparidade de sexo.
O lado esquerdo da face é mais acometido, e as fissuras unilaterais esquerdas são as mais comuns segundo vários estudos.17,18 No Brasil, Rollemberg et al.19 (2019) revelaram que 20,5% dos pacientes apresentavam CLT, o que corrobora essa tendência.
A alta frequência de CRT e CLT destaca a importância de intervenções cirúrgicas precoces para garantir a função orofacial adequada, como alimentação e fala.18 Fissuras mais complexas, as CBT e as pós-foraminais incompletas (CPo-FI, do inglês cleft postforamen incomplete), apresentam distribuição de sexo mais equilibrada, e contrastam com a predominância masculina em outros tipos.20 Essas fissuras complexas requerem abordagens cirúrgicas mais elaboradas e planejamento multidisciplinar em longo prazo.21
O sucesso das intervenções depende também do acompanhamento contínuo, uma vez que um paciente pode precisar de múltiplas cirurgias ao longo da vida.10 Neste contexto, ferramentas avançadas de diagnóstico podem melhorar a detecção e o tratamento precoces, e influenciar positivamente os resultados terapêuticos.22 Além disso, é crucial considerar os impactos psicológicos e socioeconômicos tanto nos pacientes quanto nas suas famílias.4
Neste estudo, 59,3% dos pacientes foram submetidos a alguma intervenção cirúrgica, sendo a queiloplastia e a palatoplastia as mais frequentes. A queiloplastia, realizada entre 3 e 6 meses de idade, visa restaurar a estrutura e a função dos lábios, ao alinhar seus componentes e restabelecer a continuidade muscular.23,24 A palatoplastia, normalmente realizada por volta dos 10 meses de idade, visa restaurar a integridade palatina usando técnicas como a veloplastia intravelar e o fechamento do retalho do vômer.23,25Esses procedimentos sãofundamentais para restaurar tanto a funcionalidade quanto a estética, o que promove o desenvolvimento psicossocial.6
Além de melhorar a aparência facial, essas cirurgias melhoram a capacidade de fala e de alimentação, essenciais para a integração social e a qualidade de vida.14,26 Estudos27 sugerem que o momento de realização e as técnicas das intervenções podem impactar significativamente os desfechos em longo prazo.
A personalização dos planos de tratamento é essencial, principalmente em casos mais complexos, como os de CRTou CLT combinadas a outras anomalias. Uma classificação quantificada das fissuras auxilia no planejamento de estratégias individualizadas, o que garante uma eficácia maior do tratamento.28 Pacientes com condições aparentemente semelhantes podem responder de forma diferente às intervenções, o que reforça a necessidade de abordagens personalizadas.29
Um estudo30 com 2.475 pacientes constatou que comorbidades muitas vezes exigem reabilitação mais abrangente, o que destaca a necessidade de cuidados especializados contínuos. O manejo multidisciplinar é essencial para que sejam alcançados resultados satisfatórios, pois a falta de integração entre as especialidades pode comprometer a eficácia terapêutica.10 Embora o tratamento individualizado seja uma prioridade, também é importante abordar o risco de fadiga do paciente, que pode afetar a adesão e o sucesso terapêuticos em longo prazo.
A abordagem multidisciplinar, bastante enfatizada na literatura,31 é indispensável para uma reabilitação eficaz. A colaboração entre fonoaudiólogos, psicólogos e ortodontistas é crucial para assegurar a abordagem abrangente de aspectos funcionais, emocionais e sociais.9 Esta abordagem holística é essencial para promover o desenvolvimento psicossocial e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.32
Por fim, este estudo destaca a importância de inquéritos epidemiológicos regionais como base para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes. A análise da distribuição dos tipos de fissura e do impacto das intervenções cirúrgicas traz informações valiosas para a otimização dos serviços oferecidos por centros especializados.33 Esses dados são essenciais para alocar recursos de forma eficiente e desenvolver estratégias de prevenção e tratamento alinhadas às necessidades dos pacientes.
Conclusão
Este estudo identificou a predominância de CRT e CLT, particularmente em pacientes do sexo masculino, o que ressalta a necessidade de intervenções precoces e acompanhamento contínuo, em especial nos casos mais complexos. Observou-se que 59,3% dos pacientes já haviam sido submetidos a procedimentos cirúrgicos, como queiloplastia e palatoplastia, o que indica que muitos deles iniciam a reabilitação nos primeiros meses de vida. Esses achados reforçam a importância da abordagem multidisciplinar, que é essencial para abordar os aspectos funcionais e psicossociais de forma integrada, de modo a promover uma recuperação integral.
Os resultados ressaltam a importância dos inquéritos epidemiológicos regionais para orientar políticas públicas e otimizar o atendimento especializado, o que, em última análise, melhora a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
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1. Departamento de Saúde II, Curso de Medicina, Universidade Estadualdo Sudoesteda
Bahia,Jequié, BA,Brasil
2. Departamento de Ciências da Saúde, Curso de Medicina, Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA, Brasil
3. Departamento de Diagnóstico Oral, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade
Estadual de Campinas (FOP/Unicamp), Piracicaba, SP, Brasil
4. Departamento de Morfologia e Patologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
(CCBS), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, SP, Brasil
5. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec), Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde (CCBS), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, SP, Brasil
6. Departamento de Saúde I, Curso de Odontologia, Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, Jequié, BA, Brasil
7. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde, Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, Jequié, BA, Brasil
Endereço para correspondência Mateus Cardoso Oliveira, PhD, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA, Brasil (e-mail: mateus_oc1@hotmail.com).
Article received: October 13, 2024.
Article accepted: May 20, 2025.
Conflito de Interesses
Os autores não têm conflito de interesses a declarar.